Nas ruínas do neoliberalismo

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Título Original In the Ruins of Neoliberalism: the rise of Antidemocratic Politics in the West
Autor Wendy Brown
Tradução e Notas Mario A Marino e Eduardo A Camargo Santos
Projeto Gráfico Isabela Sanches
Edição 1ª Edição, 3ª Reimpressão | Out/2021
Peso 240 gramas
Dimensões 21x13x1cm
Páginas 256 páginas

A filósofa e teórica política norte-americana e professora da Universidade da Califórnia Wendy Brown é uma das analistas mais refinadas do neoliberalismo. Neste livro, ela traça a ambição da extrema direita de substituir a ordem democrática pela disciplina dos mercados e a solidariedade democrática pela moralidade sectária, racista e tecnocrata. Nesse quadro, a família ressurge como núcleo moral e econômico fundamental ao projeto neoconservador e ultracapitalista.

Apanhada de surpresa pela sua própria força, a extrema direita subiu ao poder em democracias liberais pelo mundo. Cada eleição é um novo choque: neonazistas no parlamento alemão, neofascistas no italiano, o Brexit celebrado pelos tabloides xenófobos, a ascensão do nacionalismo branco na Escandinávia, regimes autoritários tomando forma na Turquia e Leste Europeu e, é claro, o trumpismo. O ódio belicoso racista, anti-islâmico e antissemita cresce nas ruas e na Internet; grupos de extrema direita eclodem na política após anos se escondendo. Vitórias políticas encorajam movimentos de extrema direita e adquirem sofisticação como manipuladores políticos e peritos em construir notícias nas mídias sociais.

O livro de Wendy Brown narra a história dessa nossa atualidade. Desde a metade do século XX, ficou claro que os efeitos desagregadores da sociedade capitalista produzem o efeito conhecido como sociedade de massa: indivíduos perdem vínculos com local de origem e cultura, famílias se dispersam, “valores familiares” perdem sentido. Após a Segunda Guerra, na reconstrução alemã, um primeiro grupo de pensadores neoliberais – os Ordoliberais alemães – chama esse processo de “proletarização” – aceitando grande parte do relato histórico de Marx, embora se opondo aos seus valores e esperanças políticas. Eles viam o capitalismo gerando uma força social massificada que poderia se revoltar contra ele com um retorno ao fascismo.O projeto neoliberal dos ordoliberais visava combater a proletarização: incentivar o empreendedor e a formação de empresas e revitalizar as províncias combatendo as grandes aglomerações urbanas. Ao mesmo tempo, era preciso reagrupar os indivíduos em suas famílias e torná-las responsáveis pelo autoprovisionamento e eventualmente transformando-as em unidades produtivas empreendedoras. “Ancorados na comunidade e na família”, diz Wendy Brown, os indivíduos seriam capazes de resistir ao que Röpke e Rüstow chamaram de “fria sociedade” do mero valor econômico e da competitividade. Essa âncora comunitário-familiar também impediria que os trabalhadores “se tornassem presa da mania proletária de demandar os podres fruto do Estado de bem-estar”.

Numa contradição apenas aparente, o projeto ordoliberal de refundação da sociedade e do Estado pela economia pedia uma série de intervenções reguladoras do Estado. E de fato o neoliberalismo atual não cessa de criticar aquele seu primeiro irmão, afirmando que, qualquer que seja, toda intervenção do Estado leva necessariamente à opressão. Assim, no final do século XX, a desmassificação é substituída pelo neoempreendedorismo e pelo capital humano à medida que o neoliberalismo desmonta as proteções do Estado aos indivíduos e famílias contra os efeitos da concorrência capitalista. Indivíduos se tornam uma multidão de empresas, cada um gerindo seu “portfólio” de dotes físicos e intelectuais. Sem o suporte da rede de solidariedade propiciada pelo Estado, as famílias são moralmente responsabilizadas e têm a seu cargo a educação dos filhos, saúde, cultura e capitalização para a velhice. Arrendando quartos no Airbnb, dirigindo para o Lyft ou Uber, trabalhando para o Task Rabbit como freelancers, compartilhando bicicletas, ferramentas e carros ou fazendo bicos, indivíduos e famílias sobrevivem aos cortes econômicos e recessões.

Assim, dos escombros da sociedade de massa, da crise do capitalismo dos anos 1970 brota esse projeto econômico e moral. Nas palavras de Wendy Brown, trata-se de uma transformação epistemológica, política, econômica e cultural da sociedade de massa em capital humano e unidades familiares econômico-morais. É a recuperação conservadora do indivíduo e da família no exato momento de sua aparente extinção. Desnaturalizados, desagregados até os ossos, indivíduo e família podem agora sob o neoliberalismo assumir feições mais fortes do que em qualquer formação prévia. Não é sem razão portanto que toda reivindicação individual ou coletiva de autonomia e liberação – gênero, raça, união afetiva, igualdade etc. – venha a se chocar com um projeto em cujo núcleo está a reconstrução moral da sociedade e cujo ponto de apoio é a família heteronormativa.

Analisando a quente o cerrado ataque às instituições do Estado de direto liberal, Nas ruínas do neoliberalismo convida-nos a pensar sobre os limites e eventual esgotamento do modelo liberal-democrático ocidental.

Pondo-se contra as elaborações de neoliberais como Hayek, para quem o social é um domínio de intervenção indesejada nos mercados e no reino da moral neonormativa, Wendy Brown afirma a importância da gramática do social como lugar e geografia para pôr a nu a história da dominação, da estratificação e da exploração. Para ela, o social é o único lugar – simbólico e material – onde se pode demandar e realizar as interações entre sujeitos políticos iguais. Sua intuição fundamental é: a democracia só existe na ideia e na prática de sujeitos politicamente iguais.

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