Autora | Silvana de Souza Ramos |
Projeto Gráfico | Rogério Trezza |
Edição | 1ª Edição | nov/2024 |
Dimensões | 23x16x2cm |
Páginas | 350 páginas |
A partir de pensadores como Claude Lefort, Maquiavel e Marilena Chaui, Silvana Ramos apresenta a democracia moderna com conceitos novos. A democracia é possibilidade de suspensão temporária (o conceito de epoché) da lei e da instauração de novos direitos. Ela é espaço aberto para a entrada em cena de novas agentes. Não tem elemento exterior à sociedade e isso significa que o lugar do poder é vazio, está sempre em questão. Toda sociedade é marcada pelo conflito entre os grandes (os que desejam dominar) e o povo, que deseja não ser dominado. Esse conflito entre a dominação e o desejo de liberdade abole a ilusão da boa sociedade e do bom governo. Uma vez que não há comunidade política livre e transparente sem conflitos, não é possível o corpo político produzir uma imagem acabada de si mesmo. Silvana Ramos então compreende a experiência do corpo democrático como um corpo despedaçado. A partir de Merleau-Ponty, o “Caso Dora” de Freud é usado para representar a experiência da desestruturação e para explorar o conceito de despedaçamento e sua experiência pelo corpo político. O objetivo da aproximação entre a histérica freudiana e a experiência subjetiva moderna é mostrar que a liberdade está articulada à afirmação de que nenhuma identidade pode definir a experiência individual ou coletiva. A autora afirma ainda que a possibilidade de pensar abstratamente não está dada para as mulheres. Este livro é também um diálogo com a teoria feminista contemporânea a partir da obra de filósofas brasileiras como Chaui, Beatriz Nascimento e Gilda de Mello e Souza.
O livro é dividido em quatro partes. Na parte i, mostra a originalidade da democracia moderna em comparação com sociedades pré-modernas (a democracia ateniense ou o Ancien Régime francês) e modernas, tais como o totalitarismo. Na parte ii, discute o papel do conflito na democracia moderna a partir das lutas por direitos. Na parte iii, estuda a experiência brasileira com os escritos de Marilena Chaui e de Beatriz Nascimento. Na parte iv, retoma a filosofia política de Lefort e discute seu parentesco com a fenomenologia de Merleau-Ponty. Por fim, apresenta uma reflexão sobre a filosofia no Brasil, assunto que a autora investiga atualmente. O epílogo retoma o Brasil atual e reflete sobre a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Silvana de Souza Ramos é graduada, mestra, doutora e pós-doutora em Filosofia pela USP. Fez doutorado-sanduíche na Universidade de Paris – Panthéon/Sorbonne sob a supervisão de Renaud Barbaras. Desde 2018 é professora livre-docente do Departamento de Filosofia da USP. É autora de Corpo e Mente (Martins Fontes, 2010) e de A prosa de Dora (Edusp, 2013).
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